terça-feira, 12 de julho de 2011

Open Você

Onde, nesse exato momento, você colocaria Deus? Diante de toda complexidade que ficou o dia, de toda bagunça que virou sua gaveta, qual cômodo de você mesmo, você ofereceria a ele? Alguma coisa real? Alguma sinceridade ou coisa nobre que você tenha aí guardado? Alguma inocência? Algum juízo, alegria, esperança ou coisa limpa? Onde você encaixaria Deus nesse exato momento em sua vida? Nas suas palavras certas? Nas sua busca por aprovações, nas suas lembranças? Na sua paciência, humildade, vazio? Como você atrairia sua atenção, seu olhar?
Não é horrível não saber o que oferecer? Não é pior ainda quando isso pouco importa? Falando sério: você não acha realmente estranho quando você perde o interesse por Deus e depois de tudo que já viveu com Ele não ser capaz de prestar atenção no que ele faz ou quer fazer? Não é ruim ainda ter olhos para ver Deus, mas ter o desejo de arrancar seus olhos fora porque cansou de olhar para um Deus desinteressante que não é mais como você pensava ou esperava? Não é decepcionante chegar a conclusão de que você está magoado com o salvador da sua alma? É um pensamento que incomoda, mas talvez isso esteja enchendo a sua cabeça há algum tempo: Afinal, o que aconteceu com Deus? Ele mudou?
Se o texto acabasse na frase de cima, grande parte das pessoas que estão lendo isso aqui fecharia a janela e twittaria revoltada dizendo que o @umpontoum surtou. Claro, nós não vamos terminar esse texto aqui, porque assim como você, nós achamos um absurdo esse pensamento. Então a notícia boa, que vai frustrar toda complexidade que tá matando suas horas e toda matemática ilógica que rola no seu espírito agora, é essa aqui:
Você não gostaria de um texto dizendo que Ele mudou porque você sabe, no fundo do seu espírito abandonado e bagunçado, que apesar de tudo Ele não mudou. Por mais que você tenha passado por algumas mudanças, por mais que você tenha acordado em outra cama, por mais que você tenha feito besteira com o seu dinheiro, com o seu corpo, com a sua alma, por mais que tenha traído, debochado, dito o que não é, feito o que não aprova e deixado passar algumas oportunidades. Por mais que a sua vida tenha ido para o ralo, por mais que o sonho tenha quebrado e os caquinhos estejam todos dentro da sua pele, a idéia de que Ele mudou e o pretexto de que isso pode fazer bem à sua consciência simplesmente não colam.
Ele não mudou. Ele não mudou. Ele continua aquele que te conquistou. Até que ponto isso precisa ser repetido para que você se sinta seguro o bastante para mudar seus conceitos?
O Deus dos fracassados jamais perdeu uma. O Deus que não aprova imagens feitas por mãos humanas resolveu Ele mesmo ter mãos humanas e andar no meio dos pedintes. O Deus imaculado nunca atraiu tantos pecadores, doentes e sujos. O Deus da vida nunca chocou tanto com sua morte. O Deus que morreu nunca chocou tanto com sua vida. O Deus da graça nunca desesperou tanto as pessoas como quando foi para aquele madeiro. O Deus da fartura pediu água e deram vinagre. O Deus do plano perfeito abriu excessões, convidou ladrões, olhou nos olhos de uma mulher para quem não dirigiam a palavra.

Você não acha que Deus tem características muito mais loucas (e sim, estranhas), do que a sua idéia humana e medíocre de que ele possa ter mudado, deixado de ser o que é, pensado melhor na situação toda e chegado a conclusão de que faria diferente com você porque você nunca mais foi o mesmo com Ele? Você acha que isso faz sentido? Você acha que essa é a justificativa perfeita que convencer-se de que Deus não vale mais a pena?
Que tal começar do zero?
A primeira coisa que você precisa saber, é que ele É. Concorde ou descorde. Ele é um Deus justo, mas pode se derreter ao ouvir a sua voz clamando. Ele chora com você e essa não poderia deixar de ser o maior consolo que existe. Um pecador ter em Deus um aliado, e ter nesse mesmo Deus a correção dos erros quase impossíveis de serem reparados. Deus é isso. Desista de buscar coleiras para Ele. Ele não deve explicações, não porque é um senhor ranzinza cansado de levar o mundo nas costas sozinho, mas porque os conceitos, palavras, explicações e teorias simplesmente não servem para Ele. Não encaixa, não traduz.
Deus não é bipolar. Ele simplesmente não cabe na caixinha onde você estava tentando guardá-lo. Esqueça os padrões, eles roubam demais a sua inteligência. Esqueça a história cronológica da sua vida religiosa. Aliás, esqueça os fatos religiosos. Aprenda a valorizar o que é importante: sua alma ainda se sente salva? Você ainda lembra o que é ser feliz por isso?
Tentar mudar as atitudes de Deus não muda e nem melhora a sua vida. Deus não é o que você quer que Ele seja, e mais uma vez, isso não acontece porque Ele é um imbecil egoísta, mas é porque assim como você, Ele sabe que nem sempre os planos que você faz são os melhores planos, não é mesmo?
Acredite numa coisa: Deus pode frustrar você por alguns minutos, você até pode pensar isso. Mas se você entender que o amor dele é eternamente maior do que os seus pensamentos, seus minutos de aflição e suas conclusões, então você vai experimentar o que é ter gavetas bagunçadas e apesar disso ter um Deus que entra no seu quarto sem cerimônias. Ele não mudou. Seja o exemplo disso.
Se você estava frustrado, magoado, doido com Deus, que hoje você quebre o padrão do sentimento e da razão, e faça a coisa mais simples e ao mesmo tempo a mais inconsequente que existe: peça perdão.

De um lado nossos corações confusos, do outro lado o próprio Deus ouvindo nossas vozes. E se Ele fosse outro deus garanto pra você que ele jamais nos perdoaria. Mudaria de idéia ao ver nossa pequenês, não seria tão grande ao ponto de ver grandeza aí.
Deus não mudou. E essa, meu amigo, é a causa de não sermos consumidos nem agora, nem amanhã.

Texto de Luciana Elaiuy

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